O que aconteceu com a internet discada?
Esperar dar meia-noite ou torcer para o fim de semana chegar e acessar seus sites e jogos favoritos pagando menos: essa era a realidade para muitos que se aventuraram utilizando internet discada, algo que alguns podem lembrar (ou não) com saudade atualmente.
Caso tenha feito parte desse grupo, relembramos a seguir como essa tecnologia funcionava e os motivos que acabaram fazendo com que fosse praticamente extinta, dando lugar a modelos mais rápidos e funcionais.
Quando falamos da década de 90, as pessoas rapidamente lembram de coisas como Super Nintendo, Mega Drive, PlayStation, o surgimento das “boy bands”, o finado “bip” (o aparelhinho de mensagens) e, claro, a internet discada.
Em meados dessa década, ela era a forma como muitos acessavam os conteúdos na rede. Em linhas gerais, era necessário um telefone, o cabo que fazia a ponte entre o aparelho e o computador e um provedor (gratuito ou pago) para embarcar nesse vasto mundo. As primeiras conexões foram feitas em universidades para troca de arquivos, mas não demorou muito para alcançar outras utilidades.
Para os padrões da época, isso já era algo surpreendente, mesmo com aquele barulho capaz de acordar a casa toda depois da meia-noite (confira mais abaixo como era o som da conexão). Com a internet discada, era possível alcançar “incríveis” 56,6 kbps com um pouco de sorte (geralmente variando para menos), tornando a tarefa de baixar um arquivo mais pesado —estamos falando aqui de 10 ou 20 MB, por exemplo — algo demorado e que às vezes exigia deixar o computador ligado a noite toda.
Além de uma conexão que vivia caindo em alguns momentos, a internet discada também ocupava a sua linha telefônica. Caso utilizasse o serviço durante os dias da semana entre 6h01 e 23h59, era cobrado o preço de uma ligação telefônica a cada três minutos. Por conta disso, muitas companhias passaram a cobrar apenas um pulso ao se conectar da meia-noite às 6h de segunda a sexta e após as 14h do sábado — no domingo era o dia todo.
A decadência da internet discada
Os usuários certamente já haviam se acostumado com a internet discada quando outros modelos começaram a surgir. Inicialmente algumas operadoras ofereciam planos com mensalidades para um modelo que não ocupava a sua linha telefônica (mas sem apresentar uma velocidade muito alta), mas os anos 2000 mudaram esse cenário.
No início do século XXI, várias empresas começaram a oferecer planos de banda larga que, além de não ocupar o telefone, permitiam velocidades ainda mais rápidas para navegação, download e upload de arquivos. Isso fez com que pouco a pouco as pessoas deixassem de usar a “internet barulhenta” e passassem a adotar esse novo modelo.
Entretanto, mesmo com modelos mais velozes de conexão, a internet discada ainda existe no Brasil. Uma amostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, apontou que, em 2018, 0,2% das residências brasileiras ainda estavam conectadas dessa forma.
Em muitos casos, isso se deve ao fato de os usuários estarem em regiões mais rurais ou afastadas, dificultando a chegada da banda larga nesses lugares. Entretanto, com cada vez mais pessoas adotando o 3G e o 4G, bem como a chegada do 5G, é apenas uma questão de tempo para que de fato ela vire história e apenas uma lembrança em nossas memórias.
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